É a utilização de produtos químicos para tratamento de doenças. São chamados também de antineoplásicos, isto é, impedidores de novos crescimentos celulares.
A proposta de tratamento com agentes químicos é para impedir que as células cancerosas se multipliquem, invadam e desencadeiem metástases (implante celular em outros órgãos), através de mecanismos diversos, de acordo com cada medicamento. Invariavelmente, estes medicamentos interferem com o ciclo celular, interagindo com a cadeia de DNA e danificando o seu aparato que faz duplicar as células.
O reconhecimento por parte do medicamento do que é célula cancerosa e do que não é, faz-se pela afinidade deste por células de crescimento rápido, característica típica das defeituosas.
Este mecanismo explica a causa da queda do cabelo, náuseas e diarréias apresentadas por quem está recebendo estes medicamentos. Os cabelos e a mucosa de revestimento do estômago, intestinos e da cavidade oral estão em granco e permanente crescimento e duplicação celular, sendo também atingidos por estes produtos. Outro órgão agredido é o produtor de células sangüíneas (medula óssea), promovendo anemias, diminuição dos glóbulos brancos (células de defesa) e plaquetas (células que participam do mecanismo de coagulação do sangue). Porém, neste caso, existem uma maior capacidade de recuperação, e estas células se normalizam entre uma sessão e outra.
Sessões
As sessões de quimioterapia são denominadas de ciclos, que podem ser únicos, a cada 21 ou 28 dias, ou divididas em fases (semanais ou diárias), de acordo com protocols de tratamento estabelecidos para cada caso.
Os ciclos obedecem ao tempo de duplicação normal das células, que são a cada 21 dias, em média, mas podem ser alterados quando utilizamos duas ou mais combinações de medicamentos. Estas combinações obedecem a regras biológicas, pois cada medicamento atua em diferente fase da duplicação celular.
Os diversos protocolos de tratamento, isto é, combinações de medicamentos e divisão dos ciclos em fases, são estabelecidas cientificamente após estudos clínicos em laboratórios e transportados em humanos, que se submetem a estes estudos com conhecimento e autorização, especialmente em países onde a indústria farmacêutica possui laboratórios de pesquisa.
Alguns medicamentos são utilizados em esquemas de quimioterapia sem serem antineoplásicos, mas por possuírem capacidade de potencializar os seus efeitos.
Vias de administração
A via preferencial de infusão destes esquemas terapêuticos é a venosa. As veias periféricas são as mais freqüentemente puncionadas, como as dos braços, evitando-se as das pernas por possuírem válvulas que favorecem fenômenos trombo-embólicos. Em mulheres submetidas à cirurgia prévia de mastectomia, com esvaziamento ganglionar axilar, a punção venosa no braço do mesmo lado da operação deve ser evitada. As complicações, de punção venosa, mais frequentes, são as flebites pós-quimioterapia por utilização de medicamentos urticantes, que podem ser reparadas com o emprego de bolsa de gelo no local, imediatamente após o término da sessão. Veias profundas, puncionadas por cateteres, podem também ser utilizadas. Quando existe uma proposta de longe período de tratamento, com medicamentos vesicantes, é necessário o implante de mecanismos permanentes com portal de punção afixado em posição imediata sob a pele, que facilita o acesso venoso. A extremidade do cateter é posicionada em veia de grosso calibre, como a cava, acessada pela veia jugular externa. O implante é realizado em sala cirúrgica sob anestesia local, com tempo médio de 30 minutos de procedimento, sob regime ambulatorial, isto é, não há necessidade de internação.
Outras vias de administração empregadas são: a arterial, quando se deseja atingir especificamente um único órgão, através de cateterismo da artéria mais importante de irrigação; a oral; intra-tecal. tópica; intra-cavitária (pleura e peritônio) e a intra-vesical (bexiga e urinária).
O que deve ser evitado
A frequente presença de náuseas, após a quimioterapia, desestimula o indivíduo a realizar uma refeição antes do procedimento, porém é aconselhável uma ingestão de alimentos leves e uma boa hidratação pré-quimioterapia, que dará suporte energético necessário aos possíveis efeitos colaterais vindouros.
As atividades profissionais devem, na medida do possível, ser mantidas normalmente e os esforços físicos suspensos especialmente nos primeiros dias após o tratamento. Dirigir automóveis não é aconselhável, em longas distâncias pelo risco de eventual mal-estar vir a provocar um acidente. Evite permanecer exposto ao sol, porque alguns medicamentos promovem um escurecimento dérmico que pode ser potencializado, ou mesmo o efeito do calor desencadear uma desidratação.
Cuidados com o cabelo
A queda dos cabelos, quando presente, ocorre após a terceira semana do início do tratamento e não tem como ser evitada. Diversos graus de alopecia (queda de cabelo), individualizados para cada paciente, podem ser confundidos com sucesso de tratamentos alternativos empregados com produtos sem nenhuma comprovação científica de eficácia. Deve-se evitar o uso destes produtos, com o risco de promover reações cutâneas adversas em indivíduos com queda da imunidade provocada pelo quimioterápico. A busca de orientação psicológica é fundamental nesta situação, especiamente entre mulheres. Procedimentos estéticos como perucas, chapéus e lenços são mais aconselháveis, mesmo porque o cabelo cresce normalmente após encerrado o tratamento.
Náuseas e vômitos
Pelo mecanismo de agressão do tecido de revestimento do aparelho digestivo, explicado acima, esses sintomas são freqüentes após o uso destes medicamentos e podem ser amenizados com cuidados simples, como evitando a ingestão de alimentos ácidos, picantes, gordurosos, muito quentes, gelados ou que apresentam cheiro forte. Atualmente, existe uma grande disponibilidade, no mercado, de medicamentos que atenuam estes sintomas e devem ser empregados sob supervisão do seu médico. Na vigência da náusea, respite profunda e compassadamente, com a boca aberta, por alguns minutos, até que a sensação melhores. Técnicas de relaxamento podem ser empregadas para melhorar essa fase, que felizmente demora somente de 2 a 3 dias após a quimioterapia.
Outros efeitos colaterais, menos freqüentes, podem ser observados e devem ser imediatamente comunicados ao seu médico. Lembre-se que ele é o seu melhor parceiro, portanto não se intimide em perguntar ou não se envergonhe por questionar obviedades. Você está passando por uma situação inusitada e deve ter muitas dúvidas. Manter-se informado é importante, porque o domínio de situação será efetivado com o seu conhecimento.
Mecanismos de ação
A quimioterapia, diferente da cirurgia e da radioterapia, é uma forma de tratamento sistêmico, ou seja, que atua em todo o corpo. Como algumas células tumorais podem se desprender do tumor primário e migrar para outros órgãos (metástases), muitas vezes, a quimioterapia passa a ser a melhor forma de tratamento. Tumores distintos recebem tratamentos diferentes.
Efeitos Colaterais
Os efeitos colaterais variam conforme a droga a ser utilizada. Geralmente, são as células em crescimento as mais sensíveis aos efeitos da quimioterapia.
Objetivos do tratamento
A quimioterapia pode ser usada em diversas situações, e mesmo em se tratando do mesmo tipo de câncer, pode ser usada de forma diferente conforme a estratégia do tratamento. De modo simplificado, podemos dividir os objetivos em:
Curativo
Visa erradicar completamente o tumor. Existem algumas situações em que isso é possível:
• Tratamento para doença avançada, detectável por exames.
• Complemente de cirurgia com a qual o tumor foi completamente removido. Visa erradicar lesões microscópicas, que podem ter passado despercebidas e que irão causar a recidiva do tumor. Esse tipo de tratamento é o que chamamos de adjuvante.
• Tratamento inicial, para reduzir o tumor, de modo a possibilitar ou facilitar a cirurgia. Pode ser útil para reduzir a área a ser operada, preservando a função ou o órgão. Esse tipo de tratamento é o que chamamos de primário ou neoadjuvante.
Paliativo
Quando não se consegue erradicar completamento o tumor. A quimioterapia estará indicada se ela puder:
• Melhorar a qualidade de vida do paciente.
• Aumentar a expectativa de vida do paciente.
A duração do tratamento depende basicamente de seu objetivo e da tolerância do paciente. Tratamentos adjuvantes têm um número de ciclos pré-definido, que varia conforme o tipo de tumor e o esquema da quimioterapia que foi escolhido.