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Genética do Câncer

As doenças oncológicas são essencialmente de fundo genético, pois se desenvolvem a partir de alterações de segmentos de DNA, denominadas mutações. Elas são provocadas por diversos agentes que atuam de forma diferente nas estruturas dentro do núcleo das células. Vírus, bactérias, fungos, agentes químicos, radiações de diversas formas promovem quebra ou adição de segmentos de uma longa cadeia de moléculas. Essas moléculas, se unidas como uma corrente, somam quase um metro e meio dentro de cada núcleo, nos bilhões de células do nosso corpo. Quando um dos agentes promotores de mutação age nessa sequência as alterações para a promoção do câncer anunciam a primeira necessidade para a existência da doença, a imortalidade.

Essa imortalização vem acompanhada de uma maior velocidade na multiplicação celular, que promove uma tumefação (tumor) que evolui para um processo de disseminação, através dos vasos sanguíneos, para órgãos distantes de onde iniciou a doença. Portanto, um conjunto de eventos promotores do processo oncológico cria um ambiente favorável ao rápido crescimento do tumor, que nesse momento, se não identificado e estancado, domina o indivíduo e promove a sua falência.

Deve-se deixar claro que genética não é hereditária. Os processos hereditários também se utilizam da genética para sua progressão. No entanto, os caracteres que herdamos dos nossos progenitores não necessariamente são promotores de câncer.

Ao longo da nossa vida somos diariamente bombardeados por elementos do meio ambiente que alteram os genes herdados. O meio ambiente mesmo aqueles normais e saudáveis promovem adequações que moldam a nossa sobrevivência para cada local especificamente. Os processos sociais como, a escola que frequentamos, os ensinamentos que recebemos, as amizades que mantemos na infância, as orientações paternas, a água que bebemos, o ar que respiramos, enfim tudo com o com que convivemos moldam e alteram nossos genes. São tantas modificações que se torna difícil sabermos exatamente qual foi o fator mais importante que nos favoreceu a desenvolver certa patologia. Esse processo é tão importante que indivíduos descendentes de imigrantes, estão suscetíveis às doenças do ambiente onde vivem e desconsideram aquelas de onde seus pais vieram. Claro que existem agentes promotores identificados e com ligação evidente a certos tipos de câncer, como cigarro e o câncer de pulmão, o HPV e o de colo uterino, a bactéria H. Pilorii e o de estômago etc.

Estudos recentes definem que a alteração genética ambiental, sem patologia imediata, é mais valiosa na promoção oncológica do que as alterações herdadas. Patologias, como o câncer de mama e próstata, que não possuem um agente causal específico, são as mais frequentes e as mais estudadas. No entanto, as que permanecem com mais indagações, pois ainda não nos foi possível identificar o ponto de viragem celular para o seu desenvolvimento. Há pouco tempo atrás, geneticistas descreviam que essas neoplasias estavam relacionadas à hereditariedade em até 15% dos casos e atualmente reformularam para menos de 5%.

Dr. Guilherme Bezerra de Castro
Médico Cirurgião Oncologista e Mastologista